domingo, 25 de dezembro de 2016

Mensagem de texto

     Eeeeeeeeeaí pessoal, tudo no agito? Esse conto que posto hoje recebeu o 2º lugar no Concurso Regional de Contos, Crônicas e Poesias Oscar Bertholdo deste ano de 2016. Espero que curtam!!!


       Bom dia. Eu espero que esteja indo bem para você. Não sei quando lerá minha mensagem, e profundamente anseio que a deguste em demorados goles. Lembra daquele dia que lhe pedi informações sobre onde se localizava a secretaria do curso? Isso foi o que eu disse, mas eu queria ter dito muito mais.
      Queria ter contado toda as minhas histórias até aqui. Narrar que tenho sede dos seus beijos. Dizer que sinto muito frio no inverno pois minha casa é humilde. No verão, adoro mergulhar no lago da minha cidade. Sei nadar e amo água. Revelar que tenho medo do escuro e, durante o dia, aproveito o sol ao máximo. Os raios iluminados brilham pelas aberturas da loja onde trabalho. Contei que sou vendedora? Meu chefe sempre diz “não venda produtos, venda realizações” e blá, blá, blá.
      Naquele momento em que olhei em seus olhos desejei dizer que o brilho deles me cegou. Mas também que fico enjoada cada vez que faço viagens longas de ônibus. Que meus tipos de livros favoritos são suspense e romance. Que queria ter uma história de amor com você. Contar que aprendi a caminhar com um ano e perdi-me no centro da cidade aos quatorze.
      Mas eu somente pedi onde ficava a secretaria. Pensei em sentar-me ao seu lado e revelar que morro de medo de escorpião, tenho dois cachorros e adoro ouvir o cantar dos pássaros. Que minha comida favorita é arroz e feijão, porém não sei deixá-lo com a quantidade de sal correta (por enquanto). E queria ter beijado-o.
      Desejei cantarolar, ao seu ouvido, velhas músicas esquecidas. Cantar contigo os refrões mais insignificantes. Dançar no meio do saguão canções descompassadas, tropeçando em seus pés e nuvens. Lhe contei que costumo acreditar em anjos da guarda? Queria ter lhe dito… Que sinto alergia ao pólen e adoro beber suco, em especial de manga. Quantas coisas, quantos detalhes.
Relatar que as coisas que eu queria dizer me inspiraram a despejar minha narrativa nesse papel. Que esperei a cada segundo para ouvir a sua voz entoada ao meu ser. Esperei cada laçada dos ponteiros do relógio. Bati meu coração com a frequência da espera de um presente de Natal. Quando indicou-me a direção que seguir, queria que tivesse dito para ficar ali, compartilhando do mesmo ar, sonhos, frustrações, loucuras e vazios.
      Ontem precisei ir ao mercado. Gastei muito mais do que havia calculado. Como os preços aumentam a cada semana. Chamam isso de inflação, mas eu chamo de excesso. Você viu que haverá greve dos auditores? Os motoristas também estão ameaçando entrar em greve se os salários não aumentarem.
       Tenho tanto para lhe dizer, gritar de coração. Acho que pareço boba derramando todo esse lirismo em seu olhar. Nem sei quando contemplará minhas palavras e como as tratará... Não receba-as como água, pois ela purifica, mas escorre entre os dedos e nos deixa sedentos. Não as trate como fogo, pois ao queimar-se poderá sofrer. Não seja nem terra, nem ar. Por quê? Não sei. Simplesmente as receba. O que fará com elas? Prefiro não saber.
       De repente acho que estou idealizando muito, minhas percepções, julgamentos, sentimentos e você. Não sei. Às vezes achamos que uma ilusão é de fato um oásis no deserto. Às vezes ignoramos a água e morremos de sede. Não sei... Mas tudo que eu consegui fazer foi lhe pedir uma simples informações. A propósito, eu sabia a localização da secretaria.

      Bom, espero que tudo esteja indo bem para você. Não sei quando lerá minha mensagem, e profundamente anseio que não a cuspa em terras desconhecidas. Lembra daquele dia que lhe pedi informações sobre onde se localizava a secretaria do curso? Isso foi o que eu disse, e eu não consegui dizer mais nada.

sábado, 5 de novembro de 2016

A árvore infrutífera

Nas misérias luxuosas
vejo me, a luz em almas ociosas.
Vejo te, o alvo de pedras, preciosas.
Infâmias, sabes que não viverás hoje, faltosas.
O tempo que foi esqueceu de carregar as pobres almas, desafiadoras!

Entre os magníficos estupores
vejo-me, a sombra que vive aos arredores.
Vejo-te, a presença, ingênua, dos predadores.
Verdades, sabes que deixou o amanhã dos vencedores.
Para juntar-se aos ratos, os donos e quem não sabe enxergar, vencedores!

Aquelas verdades infantis
vejo-me, o brilho cega de seus olhos juvenis.
Vejo-te, a piedade insignificante da pobre meretriz.
Vivências, sabes que no túnel retrocedente da falta que é atriz.
Verás o futuro, logo lá, obscuro, claro demais cegando mais alguma raiz!

Daqueles dias nos cantos escuros
vejo-me, a sombra desafiadora dos dias futuros.
Vejo-te, a estrela brilhante colocada acima do azul obscuro.
Tempestades, sabes que ela te acompanhará como a amante ao rosto oculto.
E entenderás as falhas e noites que carregam os dias da pátria amada do mundo!

Onde a razão, assemelha a negação.
Filho de seus filhos, irmão da proibição.
Azul, verde, amarelo e invisível,
cor que pinta as mentes de seus frutos!
Vejo-me, contigo, vejo-te logo ali:
acima do inferno e abaixo do céu,
no lugar onde todos nós somos réus.
Mesmo sem culpa e nem para onde ir!


Raiz 

Hipóteses.

         Eeeeeeeeeeaí gente, quero dividir com vocês um fato que pode ocorrer na vida de qualquer um, caso   ainda não tenham passado por isso. A ansiedade de um primeiro encontro.
      Não que esse encontro tenha que ser entre casais, mas vou usar isso como exemplo.
       Situação real: vocês moram bem longe e irão se encontrar numa rodoviária. Ele é seu 'crush', mas vocês nunca se viram pessoalmente.

     Hipótese 1: você desce do ônibus, com as pernas tremendo (o corpo todo, como um choque elétrico interno), tropeça nos degraus do bus, passa a maior vergonha e o crush não vê, pois está atrasado.

   Hipótese 2: você desce do ônibus, com as pernas tremendo (o corpo todo, como um choque elétrico interno), tropeça nos degraus do bus, passa a maior vergonha e o crush vê tudo. Vendo tudo, ou ele ri de você ou fica com a pior má impressão.

 Hipótese 3:  ok, você não tropeçou na descida, está tremendo e o crush se atrasa.

Hipótese 4:  ok, você não tropeçou na descida, está tremendo e o crush se atrasa e não vem te buscar. Você fica uma fera e diverte-se sozinha na cidade. Ou chora ao telefone com a melhor amiga e volta loguinho.

Hipótese 5: ele não se atrasou, você vai até ele e ele até você e...
-Ele a abraça, está perfumado e você o curte imensamente;
-Ele dá um beijo em sua mão, a segura e vocês saem de lá;
- Ele puxa você para perto e lhe gruda um beijão;
- Você olha pra ele e se arrepende imensamente de ter feito a loucura de o conhecer;
- Ele te cumprimenta com um aperto de mão e você percebe que a magia evaporou-se;
- Ele te cumprimenta com um aperto de mão e você fica cheia de outras intenções;
- Ele te dá um beijo no rosto e você acha muito pouco;
-Ele te dá um beijo no rosto e você acha muito;
- Ele já tem filhos, que o acompanham até a rodoviária;
- Ele não tem filhos, mas tem uma mulher ciumenta;
- Ele não tem filhos, mas tem uma mulher sem ciúmes;

Como será o encontro de fato? Descreverei mais adiante, aguardem!



quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Morte ou suicídio?

      Eeeeeeeeeaaí pessoal, todos vivinhos? Hoje vou postar um texto do futuro escritor de sucesso que amo de paixão: Alexsandro Panizzi. Curtam a arte:


        Nublado como uma manhã de verão fria, como uma noite mudando de estação, você se foi, para longe, longe da minha visão.
        Mesmo distante dos meus braços, posso sentir o seu calor, olhar o seu rancor. Flutuava para fora de sua alma como um botão de flor se abrindo no outono.
        Um bar lotado, numa noite de quinta-feira, copos jogados, olhares avermelhados, músicas daquelas lentas, úmidas e frias. Escorado de forma vulgar em uma bela cadeira de bar, onde pela décima vez eu sentava para chorar.
        Quando aquele rádio tocava, meus olhos jorravam sangues claros como água cintilante de um riacho machucado pelo desgosto da sociedade pouco desenvolvida que ali se encontrava. Vim chorar.
        O bar a fechar, as armas apontadas para meu peito. Morte ou suicídio?
        Suicídio de uma forma um pouco mais exagerada, mais linda. Conto a vocês com detalhes!...
        Na mesma noite me afastando em alguns segundos de vida no qual eu não saberia dizer se já estou no céu ou estou morrendo.
        Estou na minha poltrona com o olhar vidrado. Em minhas mãos, o que sobrou do bar.
        Um estrondo meio estraçalhado de canto se ouve de longe.
        Estava tendo visões como um filme belo com final triste, que todos temos um dia. Minha vida passou diante do meu olhar quando vi a foto da minha esposa que veio a me levar. Felizmente não sobreviveu para contar o porquê não sobrevivi. Sim, morri asfixiado naquela poltrona vermelha com o olhar no bar, e meu espírito a contar uma velha história de pescador que numa ilusão mundial se perde.


Contato: alex_panizzi@live.com

Mais adiante posto mais textos dele. Beijos, se cuidem e durmam bem.


 

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Mais um filhinho premiado!

   
       Eeeeeeeeeeaí bambinos, tudo na calma?
       Quem diria que essa criatura sensualizando na grade com uma camiseta de banda de black metal teria um talento (obviamente a sensualidade não é um, kkkk).
        Não tenho filhinhos de carne, cabelos, ossos, órgãos internos e afins, mas gero, todas as semanas, peças literárias que, carinhosamente, são meus filhos.
       Tempo atrás vi a divulgação de um concurso de microcontos promovido pela Biblioteca Ignácio de Loyola Brandão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo.
      MICROcontos, poucas palavras e muitas emoções. Pensei e tive uma inspiração relâmpago, me inscrevi e, PÁH, não é que fiquei em Quinto lugar?
      Logo, meu filhinho mais pequeno premiado! Parabéns criança! Faça as pessoas felizes, reflexivas, criticas e seja lá o que quiserem sentir com ele, hahahahaha.
      Mais adiante postarei o filhote, pois não salvei no pc e não lembro as palavras exatas (mãe relapsa, nem acreditava no potencial do pequeno).
       Se cuidem e durmam com essa, em homenagem ao Halloween: não tem fantasia? Pegue a vassoura e vá!
     
   

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Que cabeça!!!!


        Eeeeeaí queridos! Tudo certinho com vocês? Sei que não tem nada a ver com o que vou escrever aqui, mas, essa aí em cima sou eu recebendo um prêmio literário na minha cidade (Fofinha né?, kkkkk). 
       Mas esse largo sorriso esconde algo muito cruel: uma estabanada, atrapalhada e esquecida assumida! 
      Vocês acreditam que eu, sempre que viajo, esqueço alguma coisa? Acredito que não seja exclusividade minha, mas acontece direto. E o pior que não deixo para trás algo irrelevante: escova de dentes, coberta, toalha de banho, travesseiro.... Lá vai a louca esquecida comprar na primeira farmácia creme dental, escola (geralmente a mais barata, a mais dura, ahhh) e afins. 
            Fora as inúmeras vezes que eu perco pendrives, canetas, réguas e tesouras dentro da minha mochila. E ela não é imensa, do tamanho normal de uma mochila escolar. E procuro, procuro, procuro e nada. Pior que isso, outro dia vasculhava meus pertences a fim de encontrar um marca texto e o que achei? Um baralho indecente (sorry). Até isso, menos o que precisava de fato naquela hora.


         Pessoal, eu fui atrapalhada até para fazer uma filmagem simulando isso! Daí vem a pergunta: onde estão seus pensamentos? Na literatura, em milhões de histórias para escrever, emlivros de diversos assuntos, no boy magia (mmm), no sono... Sou versátil.
         Beijos, durmam bem e acordem melhor ainda!

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Cadê o meu príncipe?



Eeeeeeeeaí gente querida, tudo certinho?

Por quantas pessoas você se apaixonou nesse ano que está quase terminando? Quanto durou? Quanto tempo você gastou chorando ou sonhando? Quantas te amaram? Você se apaixonou por si próprio?

Sim, se você acha que hoje escrevo esse texto na bad, acertou, você é um bom observador!
Meu coração está cansado de tanto apanhar nesse ano. Troquei de amores a cada mês, e não por desistência minha, mas de sentir que nenhum eco voltaria aos meus ouvidos.

Nós sonhamos com nosso príncipe encantado, mas não esqueça que um mundo é um lugar frio, e encontrar um coração aquecido está difícil.

Sexo é a coisa mais fácil de se conseguir. Muito simples. Amizade é uma construção que leva certo tempo, e estamos todos tão ocupados durantes os dias e as noites. Amor, gente, deixo a vocês um desafio, como se fosse um grupo de ajuda para superarmos os machucados do coração: deixem abaixo o depoimento de como encontraram seus amores, para que aqueles que não acharam ainda recebam uma esperança!

terça-feira, 4 de outubro de 2016

A vontade em 4 atos

Resultado de imagem para psicologia forense

Esse conto é muito louco!

                                                              A VONTADE
A vontade é um processo de quatro etapas: estímulo, indecisão, decisão e execução. Eu acrescento um: resultado.
       Na grande cidade chamada Condorázia, habitada por cem mil pessoas, acabava de se formar em psicologia o grande Abrão Costa Veríssimo Jr, filho único de Abrão Costa  Veríssimo e Piedade Veríssimo. Agora esse fruto pródigo seria um participante da alta sociedade, sendo denominado apenas como Veríssimo Jr. A honra da família e o futuro membro do mais digno mundo culto.
       Ele iniciaria seus atendimentos na segunda-feira próxima. Apenas uma paciente, uma mulher chamada Isabela. Idade: quarenta anos. Mais detalhes: nenhum.
       Era tudo o que sabia sobre ela.  Estava muito ansioso, finalmente colocaria em prática o vasto conhecimento adquirido ao longo de seus fervorosos estudos. Quantas noites sem dormir estudando, quantos livros lidos. Era a realização de um sonho.
       - Freud orgulhar-se-á de mim! – Exclamava diante do espelho, fitando-se dentro de seus próprios olhos negros.
       Esses atos aconteceram no domingo. A noite passou e finalmente chegou a manhã do dia tão aguardado: segunda-feira.
       Feliz, Veríssimo Jr. vestiu seu terno italiano, gentilmente dado por seu avô paterno,  limpou a lente de seus óculos e colocou-os em seguida. Por fim, penteou os curtos cabelos escuros e pôs os sapatos pretos, lustros como todo o restante do consultório novo. Uma sala no melhor prédio da cidade dada por seu pai como presente de formatura.
       Arrumado, o homem, ou melhor, o senhor, caminhou até o portão de sua casa, por onde sairia para seu primeiro dia de jornada.
       Eram sete horas da manhã. Na casa da frente Clara saía para ir ao colégio. Ela era uma moleca de quinze anos, linda como a mais bela das musas. Trajava a saia da escola, com suas sapatilhas pretas e a camisa da instituição educacional. Ao ver o psicólogo parado a fitando, acenou-lhe, cumprimentando-o.
       Ele respirou fundo, tinha a visto nascer e crescer. Diversos finais de semana viu-a brincando com as crianças vizinhas enquanto estudava para o vestibular. Isso havia oito anos. Mas, retomando o que iria fazer, entrou no seu carro, o qual estava estacionado na rua, e dirigiu até a sala de trabalho.
       Lá o ambiente era lindo. As paredes brancas sustentavam poucos quadros cubistas. Os sofás, um de frente para o outro, transformava o local em um sítio aconchegante. Ao lado esquerdo da sala, uma estante cheia de livros. Todos sobre psicologia, e nenhum outro assunto.
       Enquanto a paciente não chegava, ele sentou-se em sua cadeira e pôs-se a contemplar o local, seu lugar.
       Isabela chegou às nove horas. Era uma mulher atraente e não possuía nenhum anel que denotasse compromisso com alguém. Também possuía uma voz doce, revelada através do rápido diálogo com a secretária Gertudres, na sala de espera. Não aparentava problemas.
       Mesmo Veríssimo estando solteiro aos trinta e oito anos, tratá-la-ia profissionalmente. Para tanto imaginaria a maturidade adquirida quando conseguiu ingressar na universidade, após voltar da França, onde estudava o idioma local. Esse fato o marcara, pois era um dos alunos mais velhos a freqüentar as disciplinas do curso de psicologia, e isso o fazia sentir-se mal. Tivera que realizar o vestibular aos vinte e oito anos! Que tormento para alguém tão culto. Mas prossigamos.
       - Sente-se e fale sobre o que lhe incomoda, ou melhor, sobre o que quiser! – Afirmou o homem após ambos estarem acomodados em seus respectivos lugares.
       Ela começou a contar sobre sua vaidade, extrema, seu trabalho na loja de conveniências, sua rotina em assistir novelas, etc... Quando faltavam dez minutos para o final da sessão, escapou-lhe a seguinte afirmação:
       - Às vezes minha razão não concorda com certos atos que pratico, não sei explicar. Cuido de um menino, sabe... Sinto um desejo e após executo. Vendo o resultado sinto fortes arrependimentos, mas sinto o prazer de ter realizado.
       Durante a fala da paciente, o senhor via imagens de Clara, sempre esperta no jardim de sua casa aos domingos. Linda moleca. Parecia um transe que tomava conta de seus pensamentos...
       - Bem, já é hora de terminar. Até semana que vêm. - Falou Veríssimo despedindo-se de Isabela.
       Nesse primeiro dia não havia mais pacientes, o jeito era estudar o que ela tinha. Mas o homem, sempre culto, já definira como “vontade anormal”, isto é, a mulher não seguiria o ciclo normal desse fator, que seria estímulo, indecisão, decisão e execução. Inferência pessoal. O que ela fazia? O que significava o menino? Que prazer era esse? Deveria descobrir aos poucos, como um senhor equilibrado.
       Durante o solitário almoço, o psicólogo tentou colocar-se no lugar de Isabela. Imaginou-se em uma casa com uma menina a brincar até o momento em que ele resolvesse...
       Não, que pensamento indigno! Não poderia estar acontecendo isso, seria um crime! Nesse caso não deveria ser resolvido por ele, mas por uma delegacia. Intolerável, repugnante e inimaginável. A mulher não poderia sentir prazer com essa maldade. Clara? Deveria parar de pensar nisso. Tinha vinte anos a mais que a doce garotinha. Controlaria suas forças instintivo-emocionais. Era um grande homem, um senhor.
       Assim almoçou. O dia continuava passando. As pessoas agiam, escrevendo suas histórias vitais enquanto um vento regia a sincrônica respiração.
       Após a tensa tarde, Veríssimo dirigiu-se a sua casa e ao chegar a frente ao seu portão viu que a musa de seus pensamentos repreendidos beijava ardentemente um outro jovenzinho, que após o ato afastou-se dela até sumir. Clara, percebendo o olhar fixo de seu vizinho Abrão, acenou-lhe como de costume.
       Sentia o homem dentro de si uma confusão de sentimentos. Sua mente lembrava-o do filósofo Nietzsche colocando que aquilo que se faz por amor está além do bem e do mal. O corpo pedia uma execução do estímulo que brotava da sua mente. Ela era linda e acabava de virar-se para entrar em seu lar. “Cuido de um menino... sinto o prazer de ter realizado”, ouvia Veríssimo nitidamente, latente em sua memória. Clara. Isabela. Um homem.
       Clara permanecia na calçada. Impulsivamente ele chamou a menina pedindo que ela o acompanhasse até sua casa. Seria rápida a visita. Sorridente e com toda a sua inocência, a menina aceitou. Os dois entraram silenciosamente pela porta. Depois de cerrada, o vespertino tornou-se noite e continuou  a enfeitar o escuro céu. As estrelas formavam diversos desenhos e pareciam dançar ao redor da lua. O vento quente, típico de uma noite de verão, era um convite para um brinde apaixonado.  Uma madrugada longa.
       Na manhã seguinte, às sete horas, apenas Abrão saiu do lar para cumprir sua rotina de trabalho. Ninguém mais veria a linda moleca.
       Quando chegara ao consultório, para sua surpresa, encontrou Isabela sentada à sua espera. Chorava muito, mal podia respirar. Suas mãos tremiam e a palidez cobria seu semblante vaidoso. Algo ruim deveria ter acontecido. Sério, pediu para que ela o acompanhasse.
       Ambos entraram no espaço de consultas e a mulher iniciou seu desabafo:
       - Não pude esperar até a próxima semana, aconteceu algo horrível. Lembra que eu falei sobre um menino? Ele tem quinze anos e hoje fugiu de casa após saber, por intermédio de uma coleguinha, que sua grande paixão também o fizera. Não sei se realmente fugiu, apenas ninguém sabe nada sobre ela, nem pais, nem a escola. Talvez seja cedo para pensar no pior. Não sei se você a conhece, seu nome é Clara Silva. 
       E prosseguiu emocionada, entre soluços:
       - Sempre fui exagerada na vaidade e chamava muita atenção, pois me dava prazer. Isso me fazia sentir culpada, pois me sentia superior a todos. Esse era o maior problema que possuía e que me levou a lhe procurar. Hoje com esse acontecimento acordei curada. O que faço?
       Clara. O garoto de quinze anos, a musa, Isabela, um homem, a pintura mais imperfeita de um pintor. A moleca não havia fugido e  o psicólogo tinha certeza disso. A noite passada pesava-lhe na consciência, mas sentia o prazer de ter realizado sua vontade, e por amor.
       - Acho que você não precisa mais de mim. Está curada. Pode partir e tente entender: o que se faz por amor está além do bem e do mal. – Proferiu o senhor Veríssimo, o psicólogo, à mulher, que foi embora sem mais voltar.
       Passou o tempo. Os livros foram mantidos na prateleira. O consultório foi fechado e ninguém mais pisou naquele lugar. A casa de Veríssimo fora abandonada, sumindo entre os arbustos que se ergueram no jardim. Clara ficou na memória de Abrão, sua eterna musa fria e insolente, que não compreendeu até o final o grande amor que ele sentia. Nem retribuíra! Queria esquecer aqueles momentos. Não conseguia.

       Olhando-se no espelho retrovisor, o psicólogo percebeu, em seu carro antes de conduzir-lo de forma a sumir para sempre, que ele era o senhor da cultura, Veríssimo Jr., a grande honra da família, um homem, um demente e apenas mais um animal. 

terça-feira, 13 de setembro de 2016

Eeeeeeeeeeeeeaí gente faceira? Hoje vou postar algo mais intimista, e também louco, sobre água. Boa leitura:

Águas….

Os passos marcando a areia
o vento ventando em seu rosto
e ele queria a água
seguindo a água do rio: oceano

Água em seus pés e seus olhos
Cada vez mais próximo: mar
Cada vez mais real: areia
Cada vez mais perto: mar
Cada vez mais na retina: nascimento

Os passos marcando as ondas
o vento beijando seu rosto
Cada vez mais real: liberdade
Cada vez mais o rio ao oceano.


  
Águas
            Num dia de sol, bem no meio da avenida, o mundo parou para Tom.
            Tom tornou-se estático no meio de uma avenida. Paralisado de braços abertos, abraçava fumaça e sirenes, buzinas e conversas.
            Passava a luz do dia, a luz da noite, os relógios febris giravam seus ponteiros, sem cessar, nunca. Tom, de braços abertos no centro da avenida, também não cansava. Parado lá, sem chamar atenção daquela cidade tão presa em sua rotina, continuava na sua posição ereta, numa mistura entre Cristo e Lúcifer.
            Passados dois anos e, no topo de um prédio, uma menina debruçou-se no oitavo andar a observar o homem. Ela, com seus olhos quentes, observava Tom paralisado, dia e noite, sem parar. Pouco a pouco seus lábios se esticaram e seus dentes foram expostos. O homem, vendo que era observado pela menina, sorriu, como se a conhecesse há anos.
            E mais dois anos se passaram, e um terceiro indivíduo juntou-se à paisagem: uma senhora sentada na cadeira de balanço, sem se mover. E ela observava o homem no centro da avenida, que observava a garota que o observava, num círculo imperfeito, que não afetava a rotina da cidade.
            E chovia. Chovia como a muito não fazia na cidade, e, lentamente a água começou a cobrir o homem parado no centro da avenida, e também a senhora sentada na cadeira de balanço.
            E eles não se moviam, enquanto eram consumidos pela água da chuva e a água escorria dos olhos da menina parada no oitavo andar do prédio.

            Quando o homem ficou totalmente submerso, e a senhora também. A menina continuou observando o local onde Tom permanecia, mesmo que escondido pelas águas.

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Eeeeeeaí gente, conhecem esse cara aí?


             Até gostaria de brincar com a atualidade se seus traços, mas barba está na moda, então ficamos com seu nome apenas: o terror dos jovens, a paixão das professoras de Literatura, o carinha que mora no albergue da cidade: JOSÉ DE ALENCAR!

               Sim, o autor de Iracema, O Guarani, Lucíola, Cinco Minutos, O Tronco do Ipê, O Sertanejo e tantos outros clássicos que a maioria das pessoas não gosta de ler. Mas, por que isso? A resposta é simples:

               “Rumor suspeito quebra a doce harmonia da sesta. Ergue a virgem os olhos, que o sol não deslumbra; sua vista perturba-se. Diante dela e todo a contemplá-la, está um guerreiro estranho, se é guerreiro e não algum mau espírito da floresta. Tem nas faces o branco das areias que bordam o mar; nos olhos o azul triste das águas profundas. Ignotas armas e tecidos ignotos cobrem-lhe o corpo. Foi rápido, como o olhar, o gesto de Iracema. A flecha embebida no arco partiu. Gotas de sangue borbulham na face do desconhecido. De primeiro ímpeto, a mão lesta caiu sobre a cruz da espada; mas logo sorriu.” Iracema.

               Rumor? Fofoca?, sesta não seria com x?, Ignotas? AHHHHHHHHHHHHHH!
            A culpa está na linguagem, que mudou muito desde o século XIX, obviamente. Se a obra fosse traduzida seria bem mais interessante, por entenderíamos. Porém, isso não significa que essa deveria ser assim: 
          
        Tinha uma novinha no mato tranquila, até que ouviu um barulho estranho e, olhando, viu que era um cara branquelo de olhos azuis na maior bad. O menor tinha umas armas e style estranho. Daí a novinha mandou ver uma flecha no cara e deu ruim.

         Outro trecho:
      
         Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes da carnaúba; Verdes mares que brilhais como líquida esmeralda aos raios do Sol nascente, perlongando as alvas praias ensombradas de coqueiros. Serenai verdes mares, e alisai docemente a vaga impetuosa, para que o barco aventureiro manso resvale à flor das águas. Onde vai a afouta jangada, que deixa rápida a costa cearense, aberta ao fresco terral a grande vela? Onde vai como branca alcíone buscando o rochedo pátrio nas solidões do oceano? Três entes respiram sobre o frágil lenho que vai singrando veloce, mar em fora; Um jovem guerreiro cuja tez branca não cora o sangue americano; uma criança e um rafeiro que viram a luz no berço das florestas, e brincam irmãos, filhos ambos da mesma terra selvagem. A lufada intermitente traz da praia um eco vibrante, que ressoa entre o marulho das vagas:
       — Iracema!…

       Numa praia maneira, com barulho de pássaros, mar limpo e praia com coqueiros, no Ceará, um cara branco.... (bugou)..... Iracema!

       Dizem os estudiosos mais fervorosos que traduzir obras clássicas tira a qualidade poética da mesma. Mas, de que adianta a poesia sem o leitor? Claro, as traduções acima tiram qualquer beleza, mas, por que não facilitar um pouquinho a vida de nós, leitores?
       Pior que tudo isso é quando você aceita o desafio de ler o José de Alencar e, ao buscar no dicionário certas palavras, não as encontra! O quê?! Nem no dicionário!?

        Acredito que mexer um pouquinho em alguns léxicos e termos muito 'ignóbios' de nosso tempo não deixaria o homem brabo. Qualquer coisa, por que não atualizar seus livros por meio de sessões mediúnicas? Aí ele poderia palpitar sobre as modificações.
       Ou senão podemos pegar todas essas palavras velhas e começar a ensinar por povão, assim preparando-os/nos para essas leituras enigmáticas. Seria interessante se, por exemplo, malandramente, fosse assim:

       Indolentemente
       A moçoila insipiente
       Inplicou-se com a turba
       Para permitir-se lograr

      Indolentemente
      Fez feições de tíbio
      Implicada com a plebe
      Iniciou a incutir avidez

      Ai libertina
     No momento de realizar o coito....

     Lindo né?   Tudo de cultura para vocês, queridos e queridas!

terça-feira, 30 de agosto de 2016

O Folião



         Eeeeeaí gente boa, tudo certo? Vou postar hoje uma história muito bonitinha, guti-guti, sentimental, ao melhor estilo "Eu sou muito malvada, vou matar você com excesso de açúcar" , hahahahaha.
       Minhas meninas, pior que quando estamos apaixonadas queremos nos mostrar como deusas poderosas acima de qualquer gafe, daí trememos na frente do boy magia, tropeçamos nas próprias pernas.
                                                                     O Folião

     Foi durante o desfile da escola de samba, na ladeira da minha casa, que saí para a janela a fim de ver meu amor chegar. Seria ele um homem de negócios, com uma maleta cheia de papéis e um terno alinhado, que estaria descendo lateralmente o folião para voltar ao escritório, naquela tarde ensolarada?
       Talvez minha grande paixão seria o percursionista, que em gestos ágeis, mantivesse a harmonia da canção, sorrindo para os diversos sorrisos ao seu redor. A noite, ele descansaria na lage do nosso barraco, observando as estrelas. Sentaria ao seu lado e ouviríamos desde os pequenos insetos até sirenes e carros da grande metrópole.
      O folião descia o morro. O som alegre do carnavalesco lembrava que estávamos em fevereiro, Carnaval. Risos de todos os gêneros e sonhos preenchem o ar. Daí imagino meu príncipe encantado. Lá ele, parado na calçada, apenas de passagem, encantado pelos brilhos, paetês, plumas e danças. Despreocupado com a vida, futuro garantido na empresa da família, deixou o carro em casa para curtir a avenida. Cobiçado por todas, nunca está sozinho. Sempre solitário, segue seu caminho.
     Nisso vem o medo. O outro é o primeiro potencial inimigo que podemos ter. Ele é uma floresta nativa que guarda muitos segredos. Nela pode estar a cura, a dor, o tédio, o deslumbramento ou indiferença. Ter um grande amor como um espinho, que cresça até atar braços e pernas numa relação claustrofóbica? Que pavor! Ou um homem que desmanche-se entre bares e bebidas? Ou um pedaço de um príncipe dividido entre várias bocas?
      O folião começa a dobrar a esquina. Lá vai meu amor, meu príncipe, minha grande paixão. O som vai distanciando-se: risos, comentários, cantorias, percussão... E um pouquinho do meu coração.
      Na rua agora, carros e pessoas apressadas escrevem suas biografias. Fecho as cortinas e sigo para meu quarto. Sento na cama. No peito o coração bate mais calmo, o ritmo não é mais carnavalesco.        
      Um dia vou poder sair na avenida de novo, quando meu coração unir novamente seus pedaços. Então encontrarei o meu amor.

Autora: eu - Francieli Pigosso

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Férias? Só se for agora!

Eaíííííííí, tudo certo com vocês? Acho que consegui ouvir alguns dizendo: preciso de férias!

         Agosto, como diz a rima, é o mês do desgosto. Não necessariamente, mas é quando começamos a contar os dias para a chegada da primavera, e com ela ventos mais calorosos e a renovação daquele ânimo para  deixar o pijama debaixo do travesseiro e vestir a roupa para a balada, festa ou show, o que preferirem.
        Só que a vontade que o tempo passe rápido é uma moeda com seus dois lados: o dia de hoje é tão importante quanto o amanhã, e nem sempre o melhor é passá-lo rapidamente. Às vezes é melhor curtirmos os galhos, desviando dos espinhos, do que deixar que nossa existência escorra entre os dedos.
       Momentos de curtição são infinitamente melhores que os de obrigações a serem cumpridas. Não conheço quem pense o contrário, mesmo sabendo que essas pessoas existem! Por isso é importante focar nos pequenos detalhes. Tenho que trabalhar, sim. Então que tal curtir o aquecedor na parede, a organização do espaço, quem sabe trazer algum objeto que acalente o coração.
        Na escola eu tinha um pequeno quadrinho 4cm por 4cm, no qual eu colei a foto do meu Backstreet Boy favorito. Já que o silêncio deveria imperar na sala, entre uma tarefa e outra observava a imagem e logo ficava feliz. Simples, mas funcionava comigo.
       Escolhe a roupa para o trabalho, quando possível, também deve ser um ato para alegrar a rotina. Cantar baixinho no caminho para a empresa, personalizar a chave de seu armário. Temos que fazer de tudo para curtir os momentos, mesmo aqueles que parecem infindáveis e muito chatos.
      Depois, é só esperar o calor do clima e do nosso coração e partir para a farra. Partiu férias.
       

sexta-feira, 29 de julho de 2016



Pensando a Liberdade

            Se existe algo que a humanidade no geral almeja é a liberdade, libertad, freedon, pelo mundo todo. E buscamos a todo custo defini-la e transformá-la em mais um bem de aquisição, na maioria das vezes caro demais para todo o dinheiro desse mundo.
            Dentre muitas definições de sentir-se livre estão não viver em estado de guerra, não estar aprisionado em alguma prisão, poder definir o próprio horário de trabalho, conseguir sair para o lugar desejado nas férias de verão. Para outros é não ter alguém para repartir a vida, ir para aquela festa e voltar quando o sol nascer, poder amar a quem quiser.
            Não que essas definições sejam errôneas, afinal esse conceito é muito íntimo e difícil de ser comparado entre os vários corações das pessoas. Desde a terra prometida ou voltar depois da meia noite, o que vale mais? Não precisar mais tomar aqueles remédios para distrair a depressão ou tomar aquela bebida, que diferença há?

            Nós queremos a liberdade, mas criamos nossas próprias prisões. 

sábado, 2 de julho de 2016

Café com gosto de saudade...


Enfim o sol começa a desenhar, no horizonte,
o recomeçar da caminhada rumo aos sonhos.
Grandioso e humilde, esticando seus raios
numa preguiça deleitosa,
sobre os campos e paiolas,
desembrulhando suavemente a escuridão.

E o astro-rei, aos poucos,
acorda a geada de mansinho,
como a mãe ao filho com um beijinho.
Riqueza singela que repousa tranquilamente,
brilhando nos olhos de quem a vê.

O primeiro bem-te-vi ameiga o canto.
Que seja bem-vindo um novo dia,
um dia novo que convida o sono
a passear com a lua em outro lugar.
O cheiro de café pela casa a se espalhar...

Os biscoitos pintados, de farinha misturada ao amor,
compõem uma mesa onde pão e geleia
formam uma doce sinfonia.
E os sons dos irmãos na casa
competem alegremente com a voz suave materna
e o olhar terno do pai.

O fogão alimenta-se sereno
esquentando toda a cozinha.
É tanto calor que os vidros suam!
Ver a geada partindo do lado de fora:
um convite para uma boa prosa
que aconchega a alma para partir quentinha
rumo à escola e o trabalho do campo.

Eu quero sempre sentir o sabor doce de um bom dia,
confeitado com risadas e olhares de carinho.
 Encher minha xícara com o café da esperança
sentindo o calor da companhia da família,
aquecendo minha alma e coração.

O tempo passa e passa...
Enquanto estou com pressa e atrasado,
provo do gosto amargo do café solitário
e do pão árduo a ser conquistado.

Mas, entre horários e trânsito lotado,
degusto goles desse café bem passado

com sabor de sincera saudade.

segunda-feira, 13 de junho de 2016

As coisas bobas da paixão



Aeeeeeeeeeeeeeee galera!

        Não tem nada que nos marque mais do que as pequenas coisas as quais chamamos de bobas. Ah, ele olhou pra mim, nossa, que incrível, UHU!



        Quando nos apaixonamos, daquela forma repentina e louca que nomeia mesmo o sentimento de PAIXÃO, até uma coçada no saco pode parecer sexy (desculpem o termo, kkkk). Pequenas e engraçadas coisas.

      Mais funny ainda é o que fazemos e como vemos esse objeto de amor. Gente, recentemente procurei nas redes sociais meu primeiro amor, lá de tão, tão distante.
       Como eu o via: lindo, alto, determinado, inteligente, divertido, lindo, atencioso, com um sorriso maravilhoso, um olhar sensual, etc...
       Como é: o apelido era osso!

      Daí a gente suspira, ah, esse é o homem da minha vida, olha que lindo ele com uma babinha caindo do lábio. Que sexy essa bermuda de flores havaianas, que voz rouca poderosa, que alto (1,50cm), que forte (ou seja, apenas barrigudinho), que mãos lindas (unhão encravado, encardida de um fuminho, kkkk).... O cara solta uns fugitivos e a gente cheira perfume de lavanda!

       Voltando ao assunto, mesmo sem nunca te fugido dele, quando nos apaixonamos parece que vemos outra pessoa. Muitas vezes estamos vendo o interior dela, que realmente não segue parâmetros físicos para ser julgado. Outras vezes é culpa dos homonios (hormônios genteeee). Mas mesmo assim o que somos capazes e fizemos por esse amor é muito bacana de recordar. Choramos, falamos com todos os amigos, família, adicionamos mãe, pai, periquito, cachorro, vizinho, exs. Choramos mais um pouco, puxamos assuntos idiotas pra quebrar o gelo (Já localizou o Chipre no mapa múndi?), nos arrumamos muito, muito e muito. Sentamos pertinho e, quando dá, fazemos magias loucas (pegue um fio de seu cabelo, mergulhe na água do sanitário, beba com canela, argh). Ah, lemos o horóscopo para ver se combinamos e todas as revistinhas do João Bidu, kkkkk.
       Claro que tem o lado ruim, o cara pegou no sono e não respondeu teu whats, AAAAHHHHH, me odeia! O coitado foi ao banheiro e não levou o celular, outro DRAMA! não curtiu sua foto, iiiii, aí foi-se! Calma, podemos rir de tudo isso depois.
      E além das pobres amigas que ouvem diversas vezes os mesmos desabafos (ele não me quer, ele é lindo, eu vou desistir, eu quero ele, ...), pobre de Deus, quantas preces. Acho que Deus deve ter um botão mute para as apaixonadas falarem a vontade, afinal pode ser que falem cada mês de um carinha diferente, kkkkk. Ou não, né.
      Mas é tão legal, aquele esbarrinho em você vira uma noite de amor, o coração bate forte, falta o ar, pensamentos voam e você fica vermelha no meio da aula! Saco! Todos percebem (claro, parece que existem refletores que piscam cada vez que você sente palpitação no peito).



     

   

Caminhos

O caminho mais longo é aquele que não atinge sua meta.
Meta é tudo aquilo que desejamos com mais ou menos fervor.
Fervor pé a quantidade de fogo que arde em nosso peito.
Peito é o local onde protegemos as mais queridas pessoas.
Pessoas são indivíduos que tatuam nossa pele com memórias.
Memórias é tudo aquilo que não sai do coração.
Coração é um serzinho cego que que burla a razão.
Razão é aquilo que condiciona suas asas.
Asas é quando os sonhos não cabem no pensamento.
Pensamento é o primeiro passo da construção de nossas vidas.
Vidas é aquele emaranhado de ações que formam nosso livro.
Livro é um portal para alimentar fronteiras.
Fronteiras é quando chegamos na divisa do coração do outro.
Outro é aquele no qual nos vemos.


quinta-feira, 9 de junho de 2016

Ai meus pés!

Eeeeeeeeeeaí gente! Observem essa foto:


Pois é, aqui na Serra tem lugares muito bonitos, em especial a malha ferroviária, trechos abandonados e trechos em funcionamento. Pois bem, nesse dia eu fiz um passeio, a pé, por parte dessas estruturas, mas reparem. REPAREM: de bota!

What? Bom, nem preciso dizer o resultado. Por que fiz essa escolha? Sei lá.

Fica o registro, hahahahaha.

Frio combina com...

Palavras pelo ar

            Eu abri meu coração para ele. Sim, falei de todos os dragões que habitavam minha mente, e das florestas imensas que povoavam meus medos. Repeti inúmeras vezes do medo da solidão e da curiosidade da companhia. Desejei em diversos ângulos beijar sua boca e morder seus lábios.
            Insisti instavelmente na teoria de um universo melhor, e nas verdades inseguras de minhas razões. Admirei cada palmo de seu corpo e perdi-me em seus cabelos. Apostei nos cavalos errados e não participei da rodada da sorte.
            Vendi diversos sonhos pelas esquinas, despejando minha coerência entre linhas frias e mecânicas. Falei do erro dos certos e dos acertos dos errados. Vesti-me de rainha entre plebeus e joguei a chave fora de meu castelo de julgamentos.
            Olhei inúmeras vezes seus olhos em fotografias. Senti diversos pensamentos e sensações solitárias ao achar-me acompanhada de suas memórias. Mas era tudo concretamente vago, líquido e desvairava-se entre os dedos. O silêncio do retorno dele e as dúvidas atordoavam meus sentimentos.
            Falei de todas as cores de meus planos e das monocromáticas desilusões. Citei os obstáculos que passei e aqueles que desisti de enfrentar. Falei tantas palavras soltas e interligadas que desgastei a mudez de minha voz. Imaginei diversas cenas de amor e negligenciei-as em julgamentos duros.

            A única marca imutável foi a presença dele a cada palavra pelo ar, que voaram, voaram, subiram e dissiparam-se pelo espaço, em acordes ruidosos e atonais do luto por algo que não nasceu.