sábado, 2 de julho de 2016

Café com gosto de saudade...


Enfim o sol começa a desenhar, no horizonte,
o recomeçar da caminhada rumo aos sonhos.
Grandioso e humilde, esticando seus raios
numa preguiça deleitosa,
sobre os campos e paiolas,
desembrulhando suavemente a escuridão.

E o astro-rei, aos poucos,
acorda a geada de mansinho,
como a mãe ao filho com um beijinho.
Riqueza singela que repousa tranquilamente,
brilhando nos olhos de quem a vê.

O primeiro bem-te-vi ameiga o canto.
Que seja bem-vindo um novo dia,
um dia novo que convida o sono
a passear com a lua em outro lugar.
O cheiro de café pela casa a se espalhar...

Os biscoitos pintados, de farinha misturada ao amor,
compõem uma mesa onde pão e geleia
formam uma doce sinfonia.
E os sons dos irmãos na casa
competem alegremente com a voz suave materna
e o olhar terno do pai.

O fogão alimenta-se sereno
esquentando toda a cozinha.
É tanto calor que os vidros suam!
Ver a geada partindo do lado de fora:
um convite para uma boa prosa
que aconchega a alma para partir quentinha
rumo à escola e o trabalho do campo.

Eu quero sempre sentir o sabor doce de um bom dia,
confeitado com risadas e olhares de carinho.
 Encher minha xícara com o café da esperança
sentindo o calor da companhia da família,
aquecendo minha alma e coração.

O tempo passa e passa...
Enquanto estou com pressa e atrasado,
provo do gosto amargo do café solitário
e do pão árduo a ser conquistado.

Mas, entre horários e trânsito lotado,
degusto goles desse café bem passado

com sabor de sincera saudade.

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