terça-feira, 30 de agosto de 2016
O Folião
Eeeeeaí gente boa, tudo certo? Vou postar hoje uma história muito bonitinha, guti-guti, sentimental, ao melhor estilo "Eu sou muito malvada, vou matar você com excesso de açúcar" , hahahahaha.
Minhas meninas, pior que quando estamos apaixonadas queremos nos mostrar como deusas poderosas acima de qualquer gafe, daí trememos na frente do boy magia, tropeçamos nas próprias pernas.
O Folião
Foi durante o desfile da escola de samba, na ladeira da minha casa, que saí para a janela a fim de ver meu amor chegar. Seria ele um homem de negócios, com uma maleta cheia de papéis e um terno alinhado, que estaria descendo lateralmente o folião para voltar ao escritório, naquela tarde ensolarada?
Talvez minha grande paixão seria o percursionista, que em gestos ágeis, mantivesse a harmonia da canção, sorrindo para os diversos sorrisos ao seu redor. A noite, ele descansaria na lage do nosso barraco, observando as estrelas. Sentaria ao seu lado e ouviríamos desde os pequenos insetos até sirenes e carros da grande metrópole.
O folião descia o morro. O som alegre do carnavalesco lembrava que estávamos em fevereiro, Carnaval. Risos de todos os gêneros e sonhos preenchem o ar. Daí imagino meu príncipe encantado. Lá ele, parado na calçada, apenas de passagem, encantado pelos brilhos, paetês, plumas e danças. Despreocupado com a vida, futuro garantido na empresa da família, deixou o carro em casa para curtir a avenida. Cobiçado por todas, nunca está sozinho. Sempre solitário, segue seu caminho.
Nisso vem o medo. O outro é o primeiro potencial inimigo que podemos ter. Ele é uma floresta nativa que guarda muitos segredos. Nela pode estar a cura, a dor, o tédio, o deslumbramento ou indiferença. Ter um grande amor como um espinho, que cresça até atar braços e pernas numa relação claustrofóbica? Que pavor! Ou um homem que desmanche-se entre bares e bebidas? Ou um pedaço de um príncipe dividido entre várias bocas?
O folião começa a dobrar a esquina. Lá vai meu amor, meu príncipe, minha grande paixão. O som vai distanciando-se: risos, comentários, cantorias, percussão... E um pouquinho do meu coração.
Na rua agora, carros e pessoas apressadas escrevem suas biografias. Fecho as cortinas e sigo para meu quarto. Sento na cama. No peito o coração bate mais calmo, o ritmo não é mais carnavalesco.
Um dia vou poder sair na avenida de novo, quando meu coração unir novamente seus pedaços. Então encontrarei o meu amor.
Autora: eu - Francieli Pigosso
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