Eeeeeeaí gente, conhecem esse cara aí?
Até gostaria de brincar com a atualidade se seus traços, mas barba está na moda, então ficamos com seu nome apenas: o terror dos jovens, a paixão das professoras de Literatura, o carinha que mora no albergue da cidade: JOSÉ DE ALENCAR!
Sim, o autor de Iracema, O Guarani, Lucíola, Cinco Minutos, O Tronco do Ipê, O Sertanejo e tantos outros clássicos que a maioria das pessoas não gosta de ler. Mas, por que isso? A resposta é simples:
“Rumor suspeito quebra a doce harmonia da sesta. Ergue a virgem os olhos, que o sol não deslumbra; sua vista perturba-se. Diante dela e todo a contemplá-la, está um guerreiro estranho, se é guerreiro e não algum mau espírito da floresta. Tem nas faces o branco das areias que bordam o mar; nos olhos o azul triste das águas profundas. Ignotas armas e tecidos ignotos cobrem-lhe o corpo. Foi rápido, como o olhar, o gesto de Iracema. A flecha embebida no arco partiu. Gotas de sangue borbulham na face do desconhecido. De primeiro ímpeto, a mão lesta caiu sobre a cruz da espada; mas logo sorriu.” Iracema.
Rumor? Fofoca?, sesta não seria com x?, Ignotas? AHHHHHHHHHHHHHH!
A culpa está na linguagem, que mudou muito desde o século XIX, obviamente. Se a obra fosse traduzida seria bem mais interessante, por entenderíamos. Porém, isso não significa que essa deveria ser assim:
Tinha uma novinha no mato tranquila, até que ouviu um barulho estranho e, olhando, viu que era um cara branquelo de olhos azuis na maior bad. O menor tinha umas armas e style estranho. Daí a novinha mandou ver uma flecha no cara e deu ruim.
Outro trecho:
— Iracema!…
Numa praia maneira, com barulho de pássaros, mar limpo e praia com coqueiros, no Ceará, um cara branco.... (bugou)..... Iracema!
Dizem os estudiosos mais fervorosos que traduzir obras clássicas tira a qualidade poética da mesma. Mas, de que adianta a poesia sem o leitor? Claro, as traduções acima tiram qualquer beleza, mas, por que não facilitar um pouquinho a vida de nós, leitores?
Pior que tudo isso é quando você aceita o desafio de ler o José de Alencar e, ao buscar no dicionário certas palavras, não as encontra! O quê?! Nem no dicionário!?
Acredito que mexer um pouquinho em alguns léxicos e termos muito 'ignóbios' de nosso tempo não deixaria o homem brabo. Qualquer coisa, por que não atualizar seus livros por meio de sessões mediúnicas? Aí ele poderia palpitar sobre as modificações.
Ou senão podemos pegar todas essas palavras velhas e começar a ensinar por povão, assim preparando-os/nos para essas leituras enigmáticas. Seria interessante se, por exemplo, malandramente, fosse assim:
Indolentemente
A moçoila insipiente
Inplicou-se com a turba
Para permitir-se lograr
Indolentemente
Fez feições de tíbio
Implicada com a plebe
Iniciou a incutir avidez
Ai libertina
No momento de realizar o coito....
Lindo né? Tudo de cultura para vocês, queridos e queridas!
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