terça-feira, 2 de maio de 2017

Um caso de empresa

A evolução sem fim

O homem pode ser capaz de tudo por amor, por honra, por dignidade... E por instinto?



       Clóvis era um entregador de cartas. Todos os dias caminhava pela grande Rua Desire para fazer as entregas necessárias naquele dia. Porém no dia 15 de julho fora diferente.
       Acordara cedo para o seu trabalho. Estava cansado. Todas as semanas ele possuía o mesmo comportamento correto e nenhum reconhecimento da empresa. Seus colegas de trabalho, principalmente o alto e forte Rubens, vivia trazendo atestados médicos, e assim, trabalhava menos dias que todos e, na última semana, recebera aumento! Um canalha de sorte.
       Para enfurecer o homem mais ainda, esse morava na rota de entrega da Clóvis.
       - Chega, não lhe darei carta alguma! Vou abri-las e ler. Odeio esse homem.  – Pensava o carteiro humilde.
       Então um dia o ser masculino tinha que entregar justamente uma correspondência ao inimigo. Tomando-a em mãos ele sentou-se no cordão da rua e começou a violar o envelope. Tratava-se de uma carta que havia retornado ao remetente, Rubens, e estava destinada a um tal de Confidencio. Ela dizia:

       “Querido primo Confidencio, estou escrevendo após dez anos para que saiba um pouco sobre mim. Talvez nem se lembre de mim, mas eu não o esqueci. Hoje está um dia de céu azul, quente, sem nuvens. E aí?
       Bem, estou morando sozinho em uma nova casa. Comprei-a há uma semana. Ela situa-se no centro de Campana, na Rua Desire. Sua cor é branca e possui apenas um andar, dividido em sala, cozinha, banheiro, quartos e lavanderia. Também tem um grande jardim coberto por grama e flores. Um bonito lugar que um dia conhecerá.
       Gostaria de receber notícias da família. Lembro bem de todos nossos amigos íntimos. Outro dia estava pensando na Bianca, exatamente naquele episódio em que meu tio segurava uma arma contra minha cabeça e graças a ela, que acionou a polícia, fui salvo.
       Era um tempo bem difícil, meu amigo. Agora sou carteiro. É, trabalho muito para me manter na vida. No começo foi difícil me adaptar com a situação de ter que me submeter a certos atos para desfrutar de um salário melhor. Esses fatos noturnos me fazem sangrara por dentro.
       Mas, como no papel é pouco, sinto que devo me despedir sem mais narrar. Um grande abraço e espero seu comentário. ”

       Clóvis comoveu-se com a correspondência e resolveu não a devolver, mas fingir ser o tal primo e responder conforme imaginasse ser mais coerente.
       Se antes via o rival como uma peça prejudicial à sua carreira, agora sentia pena, pois inferiu que o pobre homem deveria manter alguma má subordinação para com o chefe. Isso era algo que ele, Clóvis, não faria, era integro.
       Na casa, após o expediente, o carteiro escreveu uma resposta para Rubens, contando sobre a família, que estava bem, sobre a felicidade em receber notícias e marcando um encontro na biblioteca da cidade, mais especificamente na isolada e minúscula sala de leitura.
       Isso seria no sábado às quatro horas da tarde. Ninguém estaria no local, somente os dois homens e as funcionárias, que pouco reparavam nas pessoas que transitavam no prédio recheados de livros.
       O encontro aconteceu, e foi surpreendente. Acompanhem:
       Na hora marcada Rubens entrou na salinha e percebeu que as luzes estavam apagadas, as cortinas fechadas e ele mal podia enxergar as paredes repletas de estantes suportando grossas enciclopédias.
       - Feche a porta, meu primo! – Uma voz mansa pediu para o homem.
       Com a mão fria sob a maçaneta, ele puxou a abertura até cerrá-la, ficando sozinho com a voz misteriosa.
       Do lado de fora se sentiu o barulho da chave trancando o local, com ambos dentro.
       Na rua os ratos corriam desesperadamente. Estranho como esses animais convivem tranquilamente ao habitat naturalmente humano. Marrons, brancos, cinzas, diversas cores.
       Eles buscam os restos, submetendo-se a qualquer situação e local na procura por uma vida digna. Roem o queijo e não observam quem os dá, nem como o fazem. Felizes, pois seu cérebro não comporta diversos aspectos humanos, apenas os da sociedade civilizada dos roedores.
       Nenhum outro animal os adverte dos seus atos, pois perderiam seu status quo e sentir-se-iam menores, iguais aos bichinhos pequenos. Deixariam de serem deuses para serem seres vivos inferiores.
       Algo mais digno que o homo sapiens: eles preservam a própria espécie.
       Do lado de fora sentiu-se o barulho da chave destrancando o local, e ambos saíram.
       A noite veio, passou o final de semana e iniciou-se mais uma rotina de trabalho na empresa de telégrafos. Rubens aparentava uma alegria sobrenatural, cumprimentava a todos como a um irmão e anunciava estar curado da depressão que possuía. A mesma que o fazia ficar sempre em casa com falsos atestados médicos. Nunca estivera doente, apenas deprimido. Já Clóvis chegou atrasado ao local, sério, não falou com ninguém e seguiu ao depósito das correspondências a fim de pegar as de sua responsabilidade e partir para a triste jornada.
       Quando estava pronto para sair, sentiu uma mão em seu ombro, que o fez virar e ver o antigo rival fitando-o sem parar. O homem renovado pronunciou:
       - Falei com meu chefe, agora você é meu subordinado, ex-colega.
       Essa subordinação nunca existiu. Provavelmente aquele neurótico deveria ter negociado com o patrão em troca de favores prazerosos. Sentiu muita raiva. Como podia ser tão cínico? Aquela tarde ele havia trocado o sigilo sobre o segredo de Rubens por atitudes primitivas e agora o homem tornou-se seu chefe.
       - Isso se chama evolução das espécies, meu bem. Ou você manda ou você permanece subordinado. – Disse o realizado colega em sua nova função.
       Clóvis sentiu um mal intenso. Precisava mudar essa situação dramática. Naquilo viu que alguém novo acabava de ser contratado. Um jovem ingênuo e o melhor: sem ninguém específico para mandar-lhe, sem alguém que pudesse manipulá-lo, subordiná-lo.

       O homem sorriu.  

Por que não ela?

Por que não ela?




            Por que não Mariana, que nas brincadeiras de escola sempre apresentava as melhores ideias e soluções para as discórdias. E bem ela que sempre tirava as melhores notas e adorava ajudar as professoras a carregarem seus livros de uma sala a outra.
            E logo ela, a menina morena de cabelos desgrenhados, que subia com agilidade em qualquer planta para colher os frutos mais maduros para si e seus amigos. Com seu jeito de moleque, participava de todas as peladas de final de semana com os meninos da rua, preferindo sempre atuar como atacante.
            Mariana, que chorou intensamente a passagem de sua mãe para terras as quais nem sonhamos definir, e anos depois, aos sábados, organizava a casa para sua madrasta cantando versos de festa e paixão.
            A menina que adorava cuidar de seus cães na fazenda, e levava-os passear pelas estradas de chão no final da tarde, acompanhando-os também na observação atenta do mundo ao seu redor.
            Por que não Mariana que concluiu seus estudos sendo minha colega até o final do Ensino Médio. A garota que cresceu e dividiu comigo as ansiedades do primeiro emprego e do primeiro salário.
            A mesma que me parabenizava no dia de meu aniversário, puxando minhas orelhas, enquanto contava a quantidade de anos que marcava cada data. Que adorava caminhar descalça pela grama do pátio imenso, não se importando com a terra e pó no seu andar.
            E a cada dia que passava ela ficava mais e mais linda, e eu perguntava, no silêncio de meus pensamentos, “por que não ela?” Mas as respostas deveriam estar tão e tão longe de mim, que nada ouvia. Nada recebia que calasse minha indagação.
            Num dia cinza, daqueles frios de inverno, eu vi Mariana pela última vez. Ela saiu de sua casa, vestindo um grosso e longo casaco preto, carregando nas mãos duas malas marrons. Enquanto ela partia, repetia incansavelmente seu nome sem dizer uma palavra. Meu olhar acompanhou-a perdendo-se entre a neblina. Escutei apenas o barulho do portão fechando.
            Voltei para dentro de minha casa, tentando aquecer algo que congelara em meu peito. Mas nenhuma bebida quente pôde quebrar o gelo de um coração partido. Por muito tempo observei em minhas lembranças aquela pintura Dantesca, trágica como Hamlet.

            Se eu pudesse voltar atrás, na tarde em que éramos jovens e o mundo resumia-se em uma árvore, um balanço, eu e ela, teria dito, ao ter sido interrogado por Mariana, que eu de fato não estava bem, que dentro de mim um sentimento nascera e há muito tentava evitar. Ao invés de tanto pedir para mim mesmo “Por que não ela?”, naquele momento teria gritado: por que não você ao meu lado para o resto da vida?

A Vontade - Etapas de uma loucura

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Nunca escrevi um texto tão pesado. Estão alertados


A vontade é um processo de quatro etapas: estímulo, indecisão, decisão e execução. Eu acrescento um: resultado.
       Na grande cidade chamada Condorázia, habitada por cem mil pessoas, acabava de se formar em psicologia o grande Abrão Costa Veríssimo Jr, filho único de Abrão Costa  Veríssimo e Piedade Veríssimo. Agora esse fruto pródigo seria um participante da alta sociedade, sendo denominado apenas como Veríssimo Jr. A honra da família e o futuro membro do mais digno mundo culto.
       Ele iniciaria seus atendimentos na segunda-feira próxima. Apenas uma paciente, uma mulher chamada Isabela. Idade: quarenta anos. Mais detalhes: nenhum.
       Era tudo o que sabia sobre ela.  Estava muito ansioso, finalmente colocaria em prática o vasto conhecimento adquirido ao longo de seus fervorosos estudos. Quantas noites sem dormir estudando, quantos livros lidos. Era a realização de um sonho.
       - Freud orgulhar-se-á de mim! – Exclamava diante do espelho, fitando-se dentro de seus próprios olhos negros.
       Esses atos aconteceram no domingo. A noite passou e finalmente chegou a manhã do dia tão aguardado: segunda-feira.
       Feliz, Veríssimo Jr. vestiu seu terno italiano, gentilmente dado por seu avô paterno,  limpou a lente de seus óculos e colocou-os em seguida. Por fim, penteou os curtos cabelos escuros e pôs os sapatos pretos, lustros como todo o restante do consultório novo. Uma sala no melhor prédio da cidade dada por seu pai como presente de formatura.
       Arrumado, o homem, ou melhor, o senhor, caminhou até o portão de sua casa, por onde sairia para seu primeiro dia de jornada.
       Eram sete horas da manhã. Na casa da frente Clara saía para ir ao colégio. Ela era uma moleca de quinze anos, linda como a mais bela das musas. Trajava a saia da escola, com suas sapatilhas pretas e a camisa da instituição educacional. Ao ver o psicólogo parado a fitando, acenou-lhe, cumprimentando-o.
       Ele respirou fundo, tinha a visto nascer e crescer. Diversos finais de semana viu-a brincando com as crianças vizinhas enquanto estudava para o vestibular. Isso havia oito anos. Mas, retomando o que iria fazer, entrou no seu carro, o qual estava estacionado na rua, e dirigiu até a sala de trabalho.
       Lá o ambiente era lindo. As paredes brancas sustentavam poucos quadros cubistas. Os sofás, um de frente para o outro, transformava o local em um sítio aconchegante. Ao lado esquerdo da sala, uma estante cheia de livros. Todos sobre psicologia, e nenhum outro assunto.
       Enquanto a paciente não chegava, ele sentou-se em sua cadeira e pôs-se a contemplar o local, seu lugar.
       Isabela chegou às nove horas. Era uma mulher atraente e não possuía nenhum anel que denotasse compromisso com alguém. Também possuía uma voz doce, revelada através do rápido diálogo com a secretária Gertudres, na sala de espera. Não aparentava problemas.
       Mesmo Veríssimo estando solteiro aos trinta e oito anos, tratá-la-ia profissionalmente. Para tanto imaginaria a maturidade adquirida quando conseguiu ingressar na universidade, após voltar da França, onde estudava o idioma local. Esse fato o marcara, pois era um dos alunos mais velhos a frequentar as disciplinas do curso de psicologia, e isso o fazia sentir-se mal. Tivera que realizar o vestibular aos vinte e oito anos! Que tormento para alguém tão culto. Mas prossigamos.
       - Sente-se e fale sobre o que lhe incomoda, ou melhor, sobre o que quiser! – Afirmou o homem após ambos estarem acomodados em seus respectivos lugares.
       Ela começou a contar sobre sua vaidade, extrema, seu trabalho na loja de conveniências, sua rotina em assistir novelas, etc... Quando faltavam dez minutos para o final da sessão, escapou-lhe a seguinte afirmação:
       - Às vezes minha razão não concorda com certos atos que pratico, não sei explicar. Cuido de um menino, sabe... Sinto um desejo e após executo. Vendo o resultado sinto fortes arrependimentos, mas sinto o prazer de ter realizado.
       Durante a fala da paciente, o senhor via imagens de Clara, sempre esperta no jardim de sua casa aos domingos. Linda moleca. Parecia um transe que tomava conta de seus pensamentos...
       - Bem, já é hora de terminar. Até semana que vêm. - Falou Veríssimo despedindo-se de Isabela.
       Nesse primeiro dia não havia mais pacientes, o jeito era estudar o que ela tinha. Mas o homem, sempre culto, já definira como “vontade anormal”, isto é, a mulher não seguiria o ciclo normal desse fator, que seria estímulo, indecisão, decisão e execução. Inferência pessoal. O que ela fazia? O que significava o menino? Que prazer era esse? Deveria descobrir aos poucos, como um senhor equilibrado.
       Durante o solitário almoço, o psicólogo tentou colocar-se no lugar de Isabela. Imaginou-se em uma casa com uma menina a brincar até o momento em que ele resolvesse...
       Não, que pensamento indigno! Não poderia estar acontecendo isso, seria um crime! Nesse caso não deveria ser resolvido por ele, mas por uma delegacia. Intolerável, repugnante e inimaginável. A mulher não poderia sentir prazer com essa maldade. Clara? Deveria parar de pensar nisso. Tinha vinte anos a mais que a doce garotinha. Controlaria suas forças instintivo-emocionais. Era um grande homem, um senhor.
       Assim almoçou. O dia continuava passando. As pessoas agiam, escrevendo suas histórias vitais enquanto um vento regia a sincrônica respiração.
       Após a tensa tarde, Veríssimo dirigiu-se a sua casa e ao chegar a frente ao seu portão viu que a musa de seus pensamentos repreendidos beijava ardentemente um outro jovenzinho, que após o ato afastou-se dela até sumir. Clara, percebendo o olhar fixo de seu vizinho Abrão, acenou-lhe como de costume.
       Sentia o homem dentro de si uma confusão de sentimentos. Sua mente lembrava-o do filósofo Nietzsche colocando que aquilo que se faz por amor está além do bem e do mal. O corpo pedia uma execução do estímulo que brotava da sua mente. Ela era linda e acabava de virar-se para entrar em seu lar. “Cuido de um menino... sinto o prazer de ter realizado”, ouvia Veríssimo nitidamente, latente em sua memória. Clara. Isabela. Um homem.
       Clara permanecia na calçada. Impulsivamente ele chamou a menina pedindo que ela o acompanhasse até sua casa. Seria rápida a visita. Sorridente e com toda a sua inocência, a menina aceitou. Os dois entraram silenciosamente pela porta. Depois de cerrada, o vespertino tornou-se noite e continuou  a enfeitar o escuro céu. As estrelas formavam diversos desenhos e pareciam dançar ao redor da lua. O vento quente, típico de uma noite de verão, era um convite para um brinde apaixonado.  Uma madrugada longa.
       Na manhã seguinte, às sete horas, apenas Abrão saiu do lar para cumprir sua rotina de trabalho. Ninguém mais veria a linda moleca.
       Quando chegara ao consultório, para sua surpresa, encontrou Isabela sentada à sua espera. Chorava muito, mal podia respirar. Suas mãos tremiam e a palidez cobria seu semblante vaidoso. Algo ruim deveria ter acontecido. Sério, pediu para que ela o acompanhasse.
       Ambos entraram no espaço de consultas e a mulher iniciou seu desabafo:
       - Não pude esperar até a próxima semana, aconteceu algo horrível. Lembra que eu falei sobre um menino? Ele tem quinze anos e hoje fugiu de casa após saber, por intermédio de uma coleguinha, que sua grande paixão também o fizera. Não sei se realmente fugiu, apenas ninguém sabe nada sobre ela, nem pais, nem a escola. Talvez seja cedo para pensar no pior. Não sei se você a conhece, seu nome é Clara Silva. 
       E prosseguiu emocionada, entre soluços:
       - Sempre fui exagerada na vaidade e chamava muita atenção, pois me dava prazer. Isso me fazia sentir culpada, pois me sentia superior a todos. Esse era o maior problema que possuía e que me levou a lhe procurar. Hoje com esse acontecimento acordei curada. O que faço?
       Clara. O garoto de quinze anos, a musa, Isabela, um homem, a pintura mais imperfeita de um pintor. A moleca não havia fugido e  o psicólogo tinha certeza disso. A noite passada pesava-lhe na consciência, mas sentia o prazer de ter realizado sua vontade, e por amor.
       - Acho que você não precisa mais de mim. Está curada. Pode partir e tente entender: o que se faz por amor está além do bem e do mal. – Proferiu o senhor Veríssimo, o psicólogo, à mulher, que foi embora sem mais voltar.
       Passou o tempo. Os livros foram mantidos na prateleira. O consultório foi fechado e ninguém mais pisou naquele lugar. A casa de Veríssimo fora abandonada, sumindo entre os arbustos que se ergueram no jardim. Clara ficou na memória de Abrão, sua eterna musa fria e insolente, que não compreendeu até o final o grande amor que ele sentia. Nem retribuíra! Queria esquecer aqueles momentos. Não conseguia.

       Olhando-se no espelho retrovisor, o psicólogo percebeu, em seu carro antes de conduzi-lo de forma a sumir para sempre, que ele era o senhor da cultura, Veríssimo Jr., a grande honra da família, um homem, um demente e apenas mais um animal.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Cadê o príncipe?


            Eeeeeeeeeeaí gente faceira, tudo certo? Não acredito, nesse verão tem gente que não encontrou o príncipe encantado? E então lembramos de frases antigas como "tudo tem seu tempo", "existe um chinela velho para um pé cansado". Traduzindo, um dia você desencalha!

             Escolhi essa imagem acima pois me fez pensar nesse tema. Fico imaginando o homem mais velho dizendo "na minha época eu pegava todas.."kkkkkkkk

             Bom, para encontrar o príncipe encantado você NÃO pode seguir os seguintes tópicos, pois cairá nas garras da pessoa errada. Veja:

1°: Ele precisa mandar flores (qualquer imbecil liga para uma floricultura e encomenda flores, agora quero ver essa criatura entregar pessoalmente na frente dos amigos!);

2°: Precisa curtir seus posts no Facebook (será que é ele mesmo que curti?, eu não preciso ler para curtir algo, tão fácil...);

3°: Tratar como uma princesa (cuidado, o lobo mau foi muito simpático antes de tentar comer a Chapeuzinho Vermelho);

4° Ter dinheiro (não que seja ruim, mas acrescente de fontes legais, kkk);

5° Ter bom humor ( bom humor a sós com você também).


        Quer achar o príncipe encantado? Assista os filmes infantis, hahahahahaha.

        O tal "príncipe encantado", que eu espero que você encontre, tem que te fazer sorrir quando você acha que nada mais tem graça. Quando o mundo estiver acabando, precisa demonstrar que até nesse momento estará com você.
       Ele rirá com você quando ambos esquecerem o 'mêsversário' de namoro, e quando você estiver com medo, será seu porto seguro.
      Você precisará ajudar esse homem, pois como ser humano, um dia as paredes ruirão, e ele aceitará sua mão estendida para cruzar pelos destroços.
     Talvez não abra a porta do carro, nem compre flores, mas abrirá todos os seus horizontes e plantará flores em sua caminhada.
     Juntos vocês construirão diversas pontes, ligando diferentes pessoas e lugares. Alguns velhos álbuns podem ser fechados, livros concluídos e carnês quitados. Outras prestações virão, amigos, filhos, cachorros e gatos.
     Depois daquele dia em que tudo dará errado, depois de silêncios e reflexões individuais, a conclusão inevitável acabará sendo traduzida, lado a lado sob os lençóis, num sussurrado "eu te amo".
         Ele terá bom humor, mesmo quando suas piadas forem extremamente sem graça, assim como ficará sério com dias cinzas. Quanto terá de dinheiro? Não medimos a existência pelos papéis numéricos acumulados. 
         E nas redes sociais curtirá seus posts, lendo e sentindo o quão importante para você foi compartilhar seu passeio com os amigos, o almoço em família ou o cachorro de estimação. Talvez não curta imediatamente, mas estará pensando no quão sua presença é fundamental em sua vida.
            Você brigará com seu príncipe. Talvez ele jogue as roupas sujas pelo quarto, ou esqueça de algum recado seu. Talvez vocês não queiram a mesma coisa no mesmo momento. Mas, ainda assim, no fundo do peito, sabem que tudo isso é muito superficial pelo tamanho do reino de vocês.

            Boa sorte na jornada, galera!